A caverna europeia que abriga megateia com mais de 100 mil aranhas

  • 11/11/2025
(Foto: Reprodução)
Em algum lugar da fronteira montanhosa da Grécia com a Albânia, uma caverna escura e repleta de enxofre esconde uma construção que testaria os nervos de qualquer aracnofóbico: um emaranhado de teias de aranha que cobre mais de 100 metros quadrados (metade de uma quadra de tênis) e abriga cerca de 111 mil aranhas. A chamada Caverna do Enxofre é muito mais do que um refúgio para essa colônia descomunal. É um ecossistema único, onde a vida prospera em condições que parecem feitas para impedi-la: escuridão absoluta, um ar carregado de enxofre e um ambiente subterrâneo tóxico. A descoberta ocorreu em 2022, quando um grupo de espeleólogos da Sociedade Espeleológica da República Tcheca explorava a área e se deparou com essa comunidade incomum de aracnídeos. Surpresos com o que viram, eles imediatamente contataram uma equipe de biólogos. Explorador de cavernas ao lado de uma grande teia de aranha na Caverna de Enxofre, na fronteira entre a Grécia e a Albânia. Marek Audy/Handout via Reuters Desde então, o pesquisador István Urák, da Universidade Sapientia da Transilvânia, na Romênia, liderou diversas expedições para estudar o fenômeno em detalhes. Urák descreveu sua primeira impressão como uma mistura de gratidão e respeito. "Você precisa vivenciar isso para realmente entender a sensação", disse ele ao site Live Science. De acordo com os pesquisadores, que publicaram suas descobertas na revista Subterranean Biology, a teia cobre mais de 100 metros quadrados; uma área tão grande que, como disse o site IFL Science, seria "larga o suficiente para aprisionar uma baleia". A estrutura começa a cerca de 50 metros da entrada da caverna e se estende ao longo de uma seção estreita e de teto baixo, envolta em completa escuridão. Veja os vídeos em alta do g1 Veja os vídeos que estão em alta no g1 Duas espécies numa única estrutura O que surpreende não é só o tamanho da teia, mas também quem a habita. Os pesquisadores estimam que o local abrigue aproximadamente 69 mil exemplares da Tegenaria domestica (uma clássica aranha doméstica na Europa) e mais de 42 mil Prinerigone vagans, uma espécie que normalmente tece teias planas. Ambas as espécies são comuns fora da caverna e geralmente vivem vidas solitárias. Nunca antes havia sido documentado que compartilhassem a mesma estrutura ou vivessem em colônias, um comportamento extremamente raro para ambas. Os cientistas suspeitam que essa coexistência incomum se deva ao ambiente único da caverna. As aranhas maiores, Tegenaria domestica, parecem ser as principais construtoras da teia, enquanto as menores, Prinerigone vagans, seriam inquilinas oportunistas. Num mundo de escuridão perpétua, a ausência de luz pode ter favorecido essa coexistência pacífica: talvez elas simplesmente não consigam ver umas às outras. Cadeia alimentar peculiar Mas as surpresas não param por aí. O que sustenta essa vasta comunidade de aranhas não são insetos de fora, mas espécies que nascem e completam seu ciclo de vida dentro da caverna. Graças às análises isotópica (para rastrear a dieta) e genética (para comparar suas populações), os pesquisadores descobriram que toda a cadeia alimentar é baseada na quimioautotrofia: em vez de depender da luz solar, o ecossistema obtém sua energia de reações químicas geradas por bactérias que metabolizam compostos de enxofre, abundantes no ambiente da caverna. Essas bactérias formam biofilmes viscosos que revestem as paredes e servem de alimento para as larvas de mosquitos quironomídeos, que, por sua vez, são a principal fonte de alimento das aranhas. As aranhas da Caverna do Enxofre não apenas se comportam de maneira diferente como também apresentam diferenças genéticas e uma microbiota intestinal menos diversa do que as espécies que vivem na superfície. O isolamento prolongado neste ambiente extremo, que impede o intercâmbio genético entre populações, parecem ter favorecido essas variações. De acordo com os pesquisadores, a descoberta ilustra a plasticidade fenotípica que algumas espécies podem apresentar em condições tão únicas.

FONTE: https://g1.globo.com/meio-ambiente/noticia/2025/11/11/a-caverna-europeia-que-abriga-megateia-com-mais-de-100-mil-aranhas.ghtml


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