Caso Tatiana Medeiros: os próximos passos após cinco dias de audiência de instrução e julgamento; entenda
28/11/2025
(Foto: Reprodução) Caso Tatiana Medeiros: cinco denunciados são ouvidos no quinto dia de audiência
Nesta sexta-feira (28), no Fórum Eleitoral de Teresina aconteceu o 5º e último dia de audiência de instrução e julgamento do processo contra a vereadora Tatiana Medeiros (Partido Socialista Brasileiro – PSB) e mais oito réus acusados de corrupção eleitoral, organização criminosa e outros crimes.
🔎 A audiência de instrução e julgamento é uma fase decisiva do processo. Nela, o juiz analisa provas e ouve testemunhas, réus e especialistas antes de definir a sentença.
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A investigação da Polícia Federal aponta que a campanha de Tatiana, eleita em 2024, foi financiada com recursos oriundos de uma facção criminosa, o que motivou a prisão da vereadora e de membros da família e assessores dela.
O último dia de audiência contou com os depoimentos de Tatiana; do namorado da vereador, Alandilson Cardoso; da ex-assessora Emanuelly Pinho; e dos funcionários da ONG Bruna Sousa e Sávio França. Todos os réus responderam somente as perguntas da defesa e da juíza, sem repostas para as perguntas do Ministério Público.
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Próximos passos
Após cinco dias de audiência de instrução e julgamento, a Justiça determinou que a defesa e o Ministério Público têm cinco dias para o período de “diligências”. Neste caso, o juiz entende que ainda faltam informações importantes para que o processo seja melhor esclarecido.
Durante o período de diligências, as partes podem adicionar uma complementação de provas que podem contribuir para a solução do caso. Assim, tanto defesa quanto acusação têm até o dia 5 de dezembro para apresentação de novas provas que possam contribuir no caso.
Com as diligências finalizadas, o processo avançará para a fase de alegações finais, em que ambas as partes poderão apresentar seus argumentos finais antes do julgamento. A sentença, no entanto, ainda não tem data definida.
Vereadora Tatiana Medeiros chega ao 5º dia de audiência de instrução e julgamento
Eric Souza/g1
Como foi a audiência de instrução e julgamento
O primeiro dia de audiência foi marcado pelo depoimento de 11 testemunhas, incluindo delegados da Polícia Civil e da Polícia Federal. Entre as provas apresentadas, a PF destacou um caderno de anotações que indicaria a compra de votos, com nomes de eleitores e registros de pagamentos feitos em troca de apoio eleitoral.
A defesa de Tatiana contestou a validade de parte das provas, alegando contaminação ilegal na extração de dados de celulares. No entanto, a Justiça entendeu que isso não era suficiente para invalidar o processo.
No segundo dia, testemunhas revelaram detalhes sobre a compra de votos. Algumas confirmaram o recebimento de dinheiro em troca de votos, enquanto outras negaram qualquer tipo de acordo. A defesa da vereadora insistiu na tese de que os valores recebidos foram meras doações, sem ligação explícita com a compra de votos.
Já no terceiro dia, 22 pessoas foram ouvidas, incluindo o presidente do PSB em Teresina, Washington Bonfim, que foi questionado sobre a relação do partido com a vereadora.
No quarto dia, quatro réus preferiram ficar em silêncio, entre eles, a mãe e o padrasto de Tatiana, além de sua irmã e cunhado.
O último dia de audiência contou com os depoimentos de Tatiana; do namorado da vereador, Alandilson Cardoso; da ex-assessora Emanuelly Pinho; e dos funcionários da ONG Bruna Sousa e Sávio França.
Durante depoimento, Alandilson negou integrar a facção criminosa que supostamente financiou a campanha da vereadora para a Câmara de Teresina.
"Uma das hipóteses investigativas da autoridade policial quando instaurou o inquérito, era verificar se a votação recebida pela vereadora coincidia com áreas que, em tese, teria predominância e domínio do Bonde dos 40. Quando, em verdade, quase que 80% da votação dela é concentrada na Zona Norte, que é tomada por uma outra facção, denominada PCC", disse o advogado dele, Wildes Próspero.
Namorado da vereadora Tatiana Medeiros chega a audiência escoltado por policiais
Eric Souza/g1
Quem são os réus?
Tatiana Teixeira Medeiros (vereadora de Teresina): responde por organização criminosa, corrupção eleitoral, falsidade ideológica eleitoral, peculato e lavagem de dinheiro.
Alandilson Cardoso Passos (namorado da vereadora): responde por organização criminosa, corrupção eleitoral, violação do sigilo do voto, agiotagem e lavagem de dinheiro;
Stênio Ferreira Santos (padrasto da vereadora): responde por organização criminosa, corrupção eleitoral, violação do sigilo do voto, peculato, apropriação indébita eleitoral, agiotagem e lavagem de dinheiro;
Maria Odélia de Aguiar Medeiros (mãe da vereadora): responde por organização criminosa, corrupção eleitoral, apropriação indébita eleitoral e lavagem de dinheiro;
Emanuelly Pinho de Melo (assessora da vereadora): responde por organização criminosa, corrupção eleitoral e lavagem de dinheiro;
Bianca dos Santos Teixeira Medeiros (irmã da vereadora): responde por organização criminosa e corrupção eleitoral;
Lucas de Carvalho Dias Sena (cunhado da vereadora): responde por organização criminosa e corrupção eleitoral;
Bruna Raquel Lima Sousa (funcionária da ONG Vamos Juntos): responde por organização criminosa e corrupção eleitoral;
Sávio de Carvalho França (funcionário da ONG Vamos Juntos): responde por organização criminosa e corrupção eleitoral
Qual a participação deles?
Tatiana Teixeira Medeiros
A parlamentar foi presa no dia 3 de abril durante uma operação da Polícia Federal. Ela é suspeita de liderar o esquema de corrupção eleitoral. A investigação aponta que a campanha que a elegeu foi custeada com "recursos ilícitos oriundos de facção criminosa".
Alandilson Cardoso Passos
O namorado da vereadora está preso desde novembro de 2024 por suspeita de tráfico de drogas. Ele foi identificado como um dos líderes de uma facção criminosa. A polícia obteve trechos de conversa dele com um amigo afirmando que gastou mais de R$ 1 milhão com a campanha que elegeu Tatiana Medeiros. O dinheiro fornecido por ele seria oriundo do crime organizado.
Stênio Ferreira Santos
O padrasto da vereadora, conforme a PF, atuava como operador financeiro na organização criminosa. Ou seja, ele seria o responsável por realizar saques, repassar valores e realizar intermediações com terceiros, além de participar da estruturação da base de apoio político vinculada ao grupo criminoso.
Maria Odélia de Aguiar Medeiros
A mãe da vereadora, de acordo com a investigação, exercia a função de articuladora da base de apoio político e era responsável pela coordenação da ONG Instituto Vamos Juntos – localizada na Zona Norte de Teresina e mantida por Tatiana Medeiros. A PF indica que o espaço era utilizado como instrumento para o recrutamento de eleitores e monitoramento da captação e fidelização de votos em favor da candidatura da vereadora.
Emanuelly Pinho de Melo
Segundo a PF, ela exercia funções de assessoria tanto na ONG Instituto Vamos Juntos – onde era responsável pelo cadastramento de famílias e pela intermediação de pagamentos em troca de votos – quanto na campanha eleitoral de Tatiana Medeiros, em que auxiliava na organização da agenda, visitas a lideranças políticas e controle de votos.
Bianca dos Santos Teixeira Medeiros e Lucas de Carvalho Dias Sena
De acordo com a Polícia Federal, o casal desempenhava o papel de intermediadores de pagamentos e, conforme investigação, colaboravam diretamente com a operacionalização financeira das atividades ilícitas vinculadas à organização criminosa.
Bruna Raquel Lima Sousa e Sávio de Carvalho França
Os funcionários da ONG Instituto Vamos Juntos seriam, de acordo com a PF, responsáveis pelo cadastro e controle administrativo das famílias supostamente beneficiárias da instituição, bem como pelo controle de votos em favor da vereadora.
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