Interagir com a tornozeleira não significa que pretendia fugir, diz advogado de Bolsonaro
27/11/2025
(Foto: Reprodução) 'Interagir com a tornozeleira não significa que pretendia fugir', diz advogado de Bolsonaro
Advogado de Jair Bolsonaro (PL), Paulo Cunha Bueno afirmou em entrevista à GloboNews que o ex-presidente não queria fugir da prisão domiciliar quando tentou violar a tornozeleira eletrônica com uma ferramenta de solda, motivo que fez o Supremo Tribunal Federal decretar a sua prisão preventiva.
"Você simplesmente interagir com a tornozeleira não significa, não equivale dizer que você pretendia fugir. A fuga seria uma estrutura complexa. Se ele pretendesse fugir, ele ia cortar a tornozeleira", afirmou Cunha Bueno.
Segundo o advogado, não haveria estrutura para possibilitar a saída do condomínio, que tem a presença de policiais federais, e que "ele não teria como fugir". "Uma pessoa como o presidente Bolsonaro, se colocar o pé na esquina é reconhecido", disse.
O advogado reforçou a tese de que Bolsonaro sofreu um surto quando tentou retirar a tornozeleira eletrônica, motivo para a determinação de sua prisão na superintendência da PF. Segundo ele, parte dos remédios podem ter causado alteração cognitiva, entre elas um adicionado na mesma semana.
"Essa medicação nova foi prescrita três dias antes do episódio", disse. "Você uniu uma medicação nova em cima de outras duas medicações psiquiátricas que já vinham sendo ministradas, um paciente idoso, portanto muito mais suscetível a interações medicamentosas. E acabou produzindo uma situação Provavelmente acabou atuando, enfim, passando o ferro de solda na tornozeleira".
Cunha Bueno comparou a situação com a do ex-presidente Fernando Collor, que está em prisão domiciliar em Maceió (AL). " A tornozeleira dele ficou descarregada por 36 horas, tempo que você dá uma volta e meia ao mundo. E não foi preso por conta disso. Desrespeitou o uso da tornozeleira? Desrespeitou", afirmou.
Prisão de Bolsonaro
Relator da trama golpista, o ministro Moraes converteu a prisão domiciliar de Bolsonaro em preventiva após o ex-presidente tentar violar a tornozeleira eletrônica no dia 22 deste mês. Bolsonaro alegou em audiência de custódia que a tentativa de violar o dispositivo de monitoramento é resultado de surto causado por medicamentos psiquiátricos.
A Primeira Turma do Supremo decidiu, por unanimidade manter a decisão que decretou a prisão preventiva. Flávio Dino, Cristiano Zanin e Cármen Lúcia votaram para acompanhar o entendimento de Moraes.
No dia 25, Moraes decretou o fim do julgamento da trama golpista e o início do cumprimento da pena do ex-presidente, condenado a 27 anos e três meses de prisão. Ele segue preso na superintendência da PF em Brasília
➡️Bolsonaro foi condenado pela Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) em setembro a 27 anos e 3 meses de prisão, em regime inicial fechado, por liderar uma organização criminosa que tentou impedir a posse do presidente Lula e subverter o Estado democrático de Direito.