(Foto: Reprodução) Robô humanoide Optimus
Getty Images via BBC
Ele já apareceu em showrooms da Tesla, nas linhas de produção da empresa — e até posou ao lado de Kim Kardashian.
Mas a visão de Elon Musk para o robô humanoide Optimus é muito mais ambiciosa do que isso.
Desde que o apresentou pela primeira vez em um evento da Tesla em 2022, o bilionário da tecnologia tem dito que o robô de sua empresa poderá desempenhar um papel enorme nos lares e na vida de pessoas em todo o mundo.
Junto com os táxis-robôs autônomos e os caminhões Cybertruck, Musk acredita que os robôs da Tesla são peça-chave para consolidar a presença da empresa no campo da inteligência artificial (IA).
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E os investidores que aprovaram, na quinta-feira, seu pacote salarial de 1 trilhão de dólares (cerca de R$ 5,6 trilhões) parecem concordar.
Uma das metas que Musk precisa cumprir para receber esse pagamento astronômico é entregar um milhão de robôs com IA na próxima década.
Mas a grande aposta da Tesla em robôs humanoides tem base científica — ou é ficção?
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Grande potencial
O Vale do Silício está mirando alto nos humanoides.
Um relatório divulgado pelo banco Morgan Stanley na sexta-feira previu que a Apple — que, segundo rumores, também estaria desenvolvendo robôs desse tipo — poderia faturar US$ 133 bilhões (cerca de R$ 750 bilhões) por ano até 2040 com a tecnologia.
A Foxconn, por sua vez, estaria implantando robôs humanoides em sua fábrica da Nvidia, no Texas.
A ideia de uma inteligência artificial avançada dentro de um corpo com forma humana é, ao menos em teoria, uma combinação incrivelmente poderosa. Ela permitiria que a tecnologia interagisse com o mundo físico — e sim, inclusive conosco.
Enquanto muitas empresas têm desenvolvido robôs humanoides para uso industrial e fabril — como a britânica Humanoid — algumas já planejam levar a tecnologia para dentro de casa.
O Neo, robô da empresa 1X, com lançamento previsto para 2026, promete executar tarefas simples como esvaziar a lava-louças, dobrar roupas e buscar objetos.
O preço? US$ 20 mil (cerca de R$ 115 mil) — mas com uma ressalva: segundo o Wall Street Journal, o robô é na verdade controlado por uma pessoa usando um headset de realidade virtual.
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O analista Brian Hopkins, da Forrester, afirmou que a queda no custo dos componentes, somada aos avanços na destreza dos robôs e na inteligência artificial, está tornando os humanoides viáveis em diferentes contextos.
"De armazéns e restaurantes a cuidados com idosos e segurança, novos usos estão ganhando força rapidamente", escreveu em seu blog.
"Se as tendências atuais se mantiverem, os robôs humanoides poderão transformar profundamente muitas indústrias de serviços físicos até 2030."
Musk já havia dito a investidores que seus robôs "têm potencial para, com o tempo, se tornarem mais importantes do que o próprio negócio de veículos".
Depois da aprovação de seu pacote salarial, ele foi além: declarou acreditar que o Optimus pode ser "o maior produto de todos os tempos — muito maior que os celulares, maior que qualquer coisa".
Robô humanoide da empresa de Elon Musk 'luta' Kung Fu
O empresário também sugeriu que o projeto poderia impulsionar as ambições de IA da Tesla, especialmente no avanço de sistemas de inteligência artificial geral (AGI) — capazes de igualar habilidades humanas.
"O Tesla AI pode desempenhar um papel na AGI, já que treina com base no mundo real — especialmente com o advento do Optimus", escreveu ele na rede X, em 2022.
Em outro ponto desse mesmo setor, o Atlas, robô hidráulico da Boston Dynamics, cativou milhões de pessoas no YouTube com suas acrobacias e coreografias de dança.
Os vídeos virais mostrando seus saltos, giros, cambalhotas e mortais ilustram os avanços da robótica nos últimos anos — agora potencializados pela explosão da IA, que permite que esses sistemas executem tarefas cada vez mais complexas.
Atlas: robô humanoide da Boston Dynamics agora pode pegar e arremessar objetos
Quando foi aposentado no ano passado, o Atlas foi substituído por um novo modelo totalmente elétrico, que, segundo os desenvolvedores, é capaz de dobrar sua estrutura metálica de formas ainda mais impressionantes.
Mas muitos dos especialistas em robótica com quem a BBC conversou ao longo dos anos costumam revirar os olhos quando ouvem falar de empresas de tecnologia moldando robôs à imagem humana.
Na prática, há pouca razão para que robôs tenham pernas.
Os mecanismos e o hardware necessários para criá-las são muito mais complexos e custosos.
Como resumiu um cientista: "rodas são muito mais eficientes."
E melhor nem perguntar por que um robô precisaria ter cabeça.
Do ponto de vista psicológico, porém, os humanoides sempre exerceram um fascínio profundo sobre nós — algo refletido há décadas na ficção científica.
Basta lembrar de personagens como C-3PO, de Star Wars; Bender, de Futurama; ou o Exterminador do Futuro para entender que os humanos tendem a se sentir mais à vontade diante de algo que se parece conosco.
Na vida real, contudo, as máquinas humanoides costumam ser muito menos refinadas — e mais desajeitadas, limitadas e cheias de falhas — do que suas contrapartes da ficção.
Mas isso parece estar mudando com o avanço de modelos como o Optimus e outros robôs mais elegantes, que nos aproximam cada vez mais daquele desconfortável "vale da estranheza".
O robô da Tesla tem aparecido em contextos públicos com mais frequência — recentemente, servindo hambúrgueres e pipoca aos clientes da lanchonete da empresa em Hollywood.
Sam Altman, diretor da OpenAI (criadora do ChatGPT), disse em maio não acreditar que o mundo esteja preparado para os humanoides — embora também os tenha descrito como "um momento que está prestes a chegar".
Apesar da rivalidade pública entre ele e Elon Musk, neste caso parece haver um ponto de convergência: os robôs estão vindo, e Musk certamente tem o poder, a influência e o dinheiro para fazer isso acontecer.
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