Sem acessibilidade e sem equipes, crianças com deficiência do DF ficam fora de passeios e atividades escolares
22/11/2025
(Foto: Reprodução) Aluna com deficiência é barrada de passeio escolar
Embora mais de 27 mil alunos com deficiência integrem a rede pública do Distrito Federal, essas crianças estão longe de terem uma rotina acessível dentro das escolas da capital.
Relatos feitos à TV Globo mostram como estes alunos têm tido sua rotina – dentro e fora das salas de aula – afetada devido à falta de acessibilidade.
✅ Clique aqui para seguir o canal do g1 DF no WhatsApp.
A pequena Rebeca, de 10 anos, vive com paralisia cerebral e é estudante da escola classe 502 de Samambaia. Recentemente ela perdeu um passeio para o cinema com os colegas de classe porque o ônibus usado no passeio não tinha espaço para a cadeira de rodas dela.
"Não tem rampa, não tem adaptação. Então quer dizer, se eu for colocar a minha filha aqui cadeirante, ela vai ficar solta?", relata o pai de Rebeca em vídeo que mostra os veículos sem adaptação (veja o vídeo abaixo).
Em nota, a Secretaria de Educação do DF disse que "acompanha com atenção" as auditorias e "reafima seu compromisso com a melhora da infraestrutura das unidades escolares".
Marcos Antônio e a filha Rebeca, de 10 anos, impedida de participar de passeio escolar no DF
TV Globo/Reprodução
Falta de monitores
Além das atividades extraclasses, a rotina desses alunos dentro de sala também é afetada pela falta de acessibilidade. A mãe de Rebeca também relata que enfrenta a falta de monitores e educadores sociais para a filha.
À TV Globo, Luana Andrade conta que a monitora que cuidava da filha foi afastada por questões de saúde e não foi substituída. A filha é assistida agora apenas por uma educadora social, que vai embora antes de acabar o turno de Rebeca.
"Acaba que a Rebeca fica aqui uma hora sem um suporte. Tem a professora em sala, mas é uma única professora para dar conta de todas as outras crianças", relata Luana.
A quantidade de monitores também se tornou um problema para a rede de ensino público do DF. Das mais de 27 crianças com deficiência, há apenas 1.391 monitores disponíveis. Com tão pouca gente, o básico acaba faltando.
Falta estrutura
Uma fiscalização realizada em junho pelo Tribunal de Contas do DF em 38 escolas da capital, apontou que os problemas estruturais também atrapalham os estudantes com deficiência.
Várias escolas, apontou o relatório, não tinham rampas adequadas, sinalização tátil e nem banheiros adaptados. E em algumas unidades, faltava, inclusive: água potável, limpeza de caixas d’água e no esgoto.
Parquinhos do DF sofrem com falta de acessibilidade e manutenção
O que diz a Secretaria de Educação
Leia a nota enviada à TV Globo pela Secretaria de Educação:
A Secretaria de Educação do Distrito Federal esclarece que o número de 1.391 monitores em atuação atualmente corresponde aos profissionais efetivamente lotados e em exercício nas unidades escolares. Esses servidores integram a Carreira de Políticas Públicas e Gestão Educacional (PPGE), na especialidade do cargo de Analista – Monitor, conforme previsto na Lei nº 5.106/2013. O ingresso ocorre exclusivamente por concurso público.
A diferença entre esse quantitativo e o total de 2.762 nomeações realizadas pela SEEDF — sendo 2.361 somente em 2023 — ocorre porque nem todos os nomeados chegam a tomar posse ou a entrar em exercício. Entre os motivos estão:
– não comparecimento à posse;
– desistência;
– não apresentação da documentação exigida;
– exoneração;
– e casos de servidores que tomam posse como monitores, mas logo são nomeados em outros cargos, como professor, secretário escolar ou administrativo, todos da carreira PPGE.
A SEEDF reforça que tem investido na ampliação do quadro de monitores, com nomeações contínuas e com novo concurso já autorizado para 2026, no qual estão previstas vagas para a especialidade de monitor.
LEIA TAMBÉM:
TRANSTORNO DE ANSIEDADE: Morador do DF é impedido de viajar de avião com cão de suporte emocional
PROGRAME-SE: Paralamas, Turma do Pagode e peças teatrais são atrações do fim de semana no DF
Leia mais notícias sobre a região no g1 DF.